Um dos recursos humanos mais inúteis, abundantes e renováveis que possuímos na sociedade moderna são as opiniões; elas são gratuitas e praticamente todas as pessoas estão sempre prontas para oferecer, ou mesmo, tentar impor, as suas sobre absolutamente qualquer tema, mesmo quando não foram solicitadas a fazê-lo, ou, sem ter o conhecimento necessário para fazê-lo de uma forma sensata que agregue verdadeiro valor para a vida dos ouvintes. Nos dias atuais as pessoas opinam sobre economia, política, esportes, direitos civis, fatos do cotidiano, religiões, gostos e preferências alheias, a vida dos outros, as celebridades, cultura geral, comportamentos e tudo o que se possa imaginar, sem a menor cerimônia.
Opinar é, sem dúvidas, o hábito, ou vício, mais praticado pelas pessoas na sociedade e, obviamente, toda essa avalanche de opiniões aleatórias sobre todos os assuntos da vida moderna acabam sempre se chocando em vários momentos e criando todo tipo de atrito desnecessário entre os indivíduos, que, motivados pelo próprio orgulho, passam a disparar ainda mais opiniões diversas na tentativa egoísta de sustentar seu ponto de vista, muitas vezes distorcidos, na esperança de provar que estão corretos e os outros estão errados.
Essa forma de pensar e agir que tais pessoas demonstram é a causa atual de a sociedade incitar e nutrir contendas intermináveis, tanto nos meios físicos quanto nos virtuais, por pretextos "ideológicos" cada vez mais banais; e a triste verdade escondida por detrás deste comportamento é o fato de que a maioria destas pessoas se acostumou a debater e brigar por qualquer coisa, embora nunca admitam isso abertamente e estejam sempre levantando bandeiras que dizem ser nobres, mas o fazem não pela nobreza da causa, mas sim, apenas para ter pretextos socialmente aceitáveis para praticar o vício de opinar e gerar confusões que não levam a nenhuma solução para os problemas que eles dizem estar querendo resolver, tampouco produzem qualquer avanço significativo em favor das causas que afirmam estar defendendo.
Estes indivíduos acreditam que falar sem parar, disparando opiniões, muitas vezes ácidas, furiosas, maldosas e violentas seja uma maneira de demonstrar aos que estão ao redor o quanto de “personalidade forte” têm; como se ter personalidade forte fosse o mesmo que ferir pessoas com palavras aleatoriamente, algo que definitivamente não é verdade. Além disso, eles pensam que essa seja a maneira mais eficiente de convencer qualquer um que tenha uma opinião diferente ou viva por convicções que não sejam iguais as deles.
Mas o fato é que falar sem parar nunca foi uma estratégia de sabedoria, nem tampouco é eficaz, para qualquer propósito; e as opiniões deles servem apenas para gerar cada vez mais opiniões contrárias em um ciclo sem fim, fomentando e acendendo a raiva, a ira e o ódio de outras pessoas e grupos inteiros. Veja como os indivíduos, homens, mulheres, e até crianças, estão agindo na internet, opinando e discutindo quase ininterruptamente em todas as mídias sociais somente para defender seus pensamentos, mentalidades, posições egoístas e favorecer sempre a si mesmos.
Existe uma frase atribuída ao escritor e filósofo italiano Umberto Eco que diz: "A internet deu voz a uma legião de tolos." Infelizmente isso é verdade, e ele chegou nessa conclusão justamente porque observou que as pessoas parecem, e estão, cada vez mais atraídas a se comportar dessa forma irracional, principalmente porque perceberam que a internet tem a capacidade de amplificar tudo o que é lançado dentro dela, tanto coisas boas como ruins, e eles, os tolos, a usam para aumentar o alcance de suas tolices, por meio de multiplicar a intensidade e o potencial de dano de suas opiniões, na esperança de que por muito falarem sejam ouvidos e vistos como pessoas mais dignas de admiração; porém, o que eles estão fazendo, na verdade, é apenas repetir retalhos, faíscas e estilhaços de coisas que ouviram ou que acham que ouviram em algum lugar; são como papagaios que não possuem em si mesmos a real capacidade de perceber, por exemplo, que suas palavras e opiniões podem estar ofendendo, machucando, e até, matando outros indivíduos mais fracos; tudo o que essas pessoas fazem é falar e opinar sem qualquer consciência ou clareza nem do que estão dizendo nem tampouco das consequências perturbadoras de todo o seu falatório.
É nesse ponto que fica extremamente clara a diferença entre essas pessoas, os papagaios, que possuem a mente fraca e os que possuem a mente forte e sabem lidar com toda essa enxurrada de palavras sem sentido, pois enquanto aqueles vivem como papagaios, repetindo opiniões aleatórias sem parar, as pessoas de mente forte simplesmente têm a capacidade de controlar a própria língua, pois conseguem enxergar claramente que nada de positivo ocorre quando opiniões são lançadas ao ar aleatoriamente, além disso, sabem que nada justifica usar palavras para ferir outras pessoas, não importa o quão certo alguém esteja.
Pessoas de mente forte não têm tempo para ficar disparando opiniões aleatórias nem para se envolver em falatórios para convencer a quem quer que seja sobre qualquer assunto; primeiro, porque usam o seu tempo de forma muito mais consciente e produtiva, procurado em tudo adquirir sabedoria, inteligência e conhecimentos práticos e aplicáveis no cotidiano de suas vidas visando sempre se desenvolver como pessoas e contribuir da melhor maneira possível com a coletividade, mesmo que uma multidão de tolos os esteja atacando com suas palavras e opiniões sem sentido. E, segundo, porque sabem que ao responder as opiniões dos tolos e confrontá-los, também estarão se comportando de maneira tão insensata quanto eles. A grande verdade é que quando alguém discute ou debate com um tolo, nunca há como vencer, porque para contender com ele você precisa necessariamente se deixar arrastar ao mesmo nível que o dele, e lá, no território da tolice, ele, por ter mais experiência em ser tolo, vencerá você com facilidade. (Já dizia Mark Twain).
Então você pensa: Tá bom, mas como é que eu aplico isso na minha vida e me torno alguém com a mente forte?
Muito simples. Se você estiver andando pela rua e um ou mais papagaios disserem algo ofensivo, mentiroso ou provocador a seu respeito, se eles opinarem negativamente e até pejorativamente a respeito da sua aparência, a respeito da sua fé, a respeito de sua profissão, ou a respeito de qualquer outro aspecto da sua vida; creio que você não vai parar para responder aos comentários deles, nem tentar refutar e confrontar suas opiniões, não é? Afinal de contas, todos nós sabemos que discutir com papagaios não é algo que uma pessoa mentalmente sã faça. Além do mais, papagaios falam repetidamente apenas o que ouviram ou foram ensinados a dizer, mesmo que seja algo falso, imoral, e, ou, não tenha qualquer sentido verdadeiro.
Pois então, é exatamente assim que você deve agir com os "papagaios da sociedade" onde quer que eles estejam, tanto os do território físico quanto os do virtual; pois eles não têm consciência de que, na verdade, estão sempre sendo manipulados por outros, na maior parte das vezes. Discutir com os "papagaios sociais" não é algo que qualquer pessoa mentalmente forte e sã faça, portanto pare de se debater contra as opiniões lançadas contra você, simplesmente ignore-as.
Enquanto eles, os papagaios, tolos, vivem por suas opiniões e debates que não chegam a solução alguma e acabam se desgastando física e mentalmente; você, e todas as pessoas de mente forte se recusarão a respondê-los, ou contra-opinar, e assim manterão intacta a paz, a sabedoria, a razão, a calma, o equilíbrio a motivação, e a alegria. Como consequência nossa vida permanecerá sempre leve, tranquila e produtiva, além do alcance deles.
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