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Crie contentamento no seu cotidiano. -- Simplicilismo.



Este é, sem dúvidas, um dos ensinamentos mais úteis, produtivos e benéficos para a vida de qualquer pessoa nos dias atuais, nos quais a sociedade simplesmente está perdendo a capacidade de se contentar.

Para a grande maioria das pessoas na sociedade, o contentamento é encarado como um enorme defeito, uma espécie de falha de caráter ou uma fraqueza, demonstrada apenas pelos acomodados, preguiçosos, perdedores e fracassados; na visão deles, a eterna insatisfação é o que caracteriza todos os que alcançam grande sucesso, vitória e todos os tesouros que a sociedade tem para “oferecer”.

Mas é claro que se usarmos nossa mente para refletir profundamente sobre isso vamos compreender sem muito esforço que essa forma distorcida de pensar não é nada além de mais uma das armadilhas mentais da sociedade moderna; porque a verdade é que não é o contentamento o que aprisiona, deforma e destrói uma vida, muito pelo contrário; mas sim o conformismo, e, todo sábio compreende que o melhor caminho para buscar se desenvolver na vida em todas as áreas é, ao mesmo tempo, contentando-se com a vida que se tem; e, não se conformando com as anomalias e aberrações sociais, mentais e espirituais que o mundo vende como sendo desejáveis. O contentamento sempre é algo benéfico para qualquer um de nós, mas o conformismo não, o problema é que a sociedade tumultuou completamente essa compreensão nos corações e mentes dos indivíduos.

O fato é que todos nós estamos vivendo em uma sociedade que usa um gigantesco arsenal ilusório e sedutor para tentar aguçar os nossos sentidos de modo a estimular massivamente nas pessoas expectativas cada vez mais altas e irreais, sonhos de consumo cada vez maiores, ambições cada vez mais elevadas; assim como desejos descontrolados e vontades megalomaníacas para absolutamente tudo o que nos cerca e tem alguma ligação com nossa vida cotidiana. O problema é que esse aumento excessivo e vertiginoso das expectativas humanas desencadeia uma torrente violentíssima de todo tipo de tristezas materiais, mentais e até espirituais que estão arrastando e afogando milhões de indivíduos de todos os níveis sociais em vários países.

Se não prestarmos atenção em como vivemos o mundo moderno pode devorar todo o contentamento de dentro do coração de alguém, esta pessoa automaticamente entrará em uma espécie de frenesi social, que pode ser material, mental, espiritual, ou mesmo uma combinação sinistra dos três. Logo, tais pessoas passarão a lutar com todas as forças que possuem, por exemplo: força emocional, profissional, e financeira, para cada vez mais, atender e alcançar suas mais altas expectativas em todas as áreas da vida, e apenas por agirem assim, muitos serão dizimados e consumidos nesse processo, pois tentar viver diariamente dessa maneira é como tentar tocar no horizonte; ou seja, sempre que alguém avança na direção do horizonte ele se afasta ainda mais de tal pessoa, não importa o quão rápido a pessoa se mova ou o quanto de esforço faça para tentar alcançá-lo. Buscar tocar no horizonte é loucura e caso alguém dedique a vida a tentar fazer isso certamente será vencido(a) pelo cansaço, pela angústia e pelas dores que esse objetivo lhe imporá. É exatamente a mesma coisa que ocorre com os que dedicam a própria vida a elevar suas expectativas sociais repetidamente, em um círculo vicioso sem fim, abrindo mão do contentamento para tentar viver sempre nos mais altos termos que suas condições lhe permitem.

Atualmente é muito fácil vermos, por toda parte, diversos gurus, líderes, especialistas e autoridades em "riqueza, abundância e prosperidade" com discursos e argumentos minunciosamente estruturados e extremamente sedutores pregando, estimulando e direcionando as multidões para o caminho enganoso das expectativas estratosféricas e das megalomanias financeiras e empresariais; mas o que eles não revelam, e talvez nem mesmo tenham consciência, é que trilhar tal caminho transforma a vida de qualquer um em uma experiência cotidiana caótica, repleta de excessos desmedidos; assim como, torna a mente e o coração dos indivíduos em um constante conflito entre pensamentos, sentimentos e emoções, numa gigantesca confusão de desejos, vontades, ambições e todo tipo de vaidades, que por sua vez, drenam sorrateiramente toda a capacidade de raciocinar com a devida clareza, consciência e lucidez que necessitariam para encontrar uma rota de fuga segura para se desvencilhar dessa medonha armadilha.

E qual seria essa rota de fuga segura?

A rota de fuga é justamente aprender a se contentar em meio a uma multidão descontente. O contentamento é um dos grandes segredos da vida diária daqueles que estão experimentando verdadeiramente uma existência de plenitude, pois uma vez que aprendemos a nos contentar com o que temos, mesmo que seja pouco; assim como, contentarmos com o nosso dia a dia e com quem realmente somos; nos tornamos automaticamente imunes a toda essa incitação social que aponta para uma vida de expectativas e ambições diárias cada vez maiores e megalomanias diversas que tornam o cotidiano extremamente difícil, pesado e não fazem nada além de mergulhar as pessoas na ruína interior e exterior, mesmo quando aparentam ser exemplos de perfeito sucesso social, profissional, congregacional e etc... 

Pessoas plenamente conscientes a esse respeito, nunca tiveram dificuldades de estruturar uma rotina diária fundamentada e apoiada no contentamento, no qual, voluntariamente e conscientemente abrem mão destes excessos, extravagâncias e megalomanias, exteriores e interiores, que geram descontentamento, assim como, intencionalmente ajustam suas expectativas sociais a respeito de si mesmos, e da vida, de forma que elas se mantenham equilibradas e em perfeita harmonia, por isso são capazes de edificar uma rotina diária que lhes seja favorável e plenamente saudável e produtiva, sem dores, sem peso e sem frustrações.

Agindo assim, conseguem desenvolver e fortalecer para si uma mentalidade de simplicidade que os protege de todo tipo de crises e outras circunstâncias adversas que possam ocorrer em seu cotidiano. Se nós nos dedicarmos a aprender e praticar o contentamento diariamente, também seremos capazes de experimentar  uma vida de plena suficiência, tanto se, aos olhos do mundo, tivermos muito quanto se tivermos pouco, e, independentemente das circunstâncias ao nosso redor nos manteremos sempre plenos.

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